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Compreendendo os Componentes Essenciais da Blockchain: Uma Visão Abrangente

Artigos 12 de Jun de 2023

Este artigo tem como objetivo apresentar uma visão geral dos componentes essenciais da blockchain, começando pelo mais fundamental de todos: o livro-razão (ledger). Mas antes de mergulharmos nesse tópico, é importante relembrarmos brevemente a história do livro-razão, que está intrinsicamente conectada à evolução da contabilidade e da própria humanidade.

A Trajetória da Contabilidade e a Evolução do Livro-Razão

No início dos tempos, os humanos não tinham como comprovar a propriedade de bens, até que surgiu o sistema de contabilidade de entrada única. Este sistema, pela primeira vez na história humana, permitiu-nos provar a posse de um ativo, associando o livro-razão a um proprietário. Por séculos, o sistema de entrada única funcionou, embora tivesse a limitação de exigir uma única autoridade - daí a necessidade de um rei ou rainha para controlar o livro-razão.

Com o surgimento do comércio internacional, era necessário haver pelo menos duas autoridades. Por exemplo, para que a Inglaterra realizasse negócios com a França, o proprietário do livro-razão na Inglaterra precisava negociar com o rei ou rainha da França, que também possuía seu próprio livro-razão. Assim, nasceu a contabilidade de entrada dupla, que foi usada até recentemente, há cerca de 40 anos.

A Era da Contabilidade de Entrada Tripla e a Revolução da Blockchain

A blockchain é a primeira implementação da contabilidade de entrada tripla, onde um ativo é registrado no livro-razão no contexto de uma transação. A terceira entrada nesta forma de contabilidade é a criptografia, que grava permanentemente uma conta criptográfica da transação no livro-razão de forma imutável.

O livro-razão, então, é uma coleção de transações. Ele não registra os ativos em si, mas sim as transações que envolvem estes ativos. A diferenciação na blockchain é que o livro-razão não pertence a ninguém ou, ao contrário, pertence a todos os participantes. Ele é distribuído, ou seja, descentralizado. Portanto, existe uma cópia do livro-razão em cada nó da rede. Resumidamente, o livro-razão é um registro distribuído e imutável de uma série de transações.

O Bitcoin foi o primeiro ativo a ser registrado como transação em um livro-razão de blockchain e continua sendo o mais popular em termos de participação de mercado. Contudo, ao passarmos para blockchains mais modernas, como Ethereum, não apenas os ativos são registrados na blockchain.

Ethereum e outras blockchains públicas semelhantes também permitem uma coleção permanente e imutável de código, conhecida como contrato inteligente, que é executada na blockchain. Assim, o livro-razão armazena os ativos, as transações que estão na blockchain e também o código.

Contratos Inteligentes e a Blockchain como Rede

O código armazenado na blockchain é um contrato inteligente, que é basicamente um programa que roda na blockchain. Além disso, a blockchain é uma rede, sendo a blockchain pública equivalente à Internet, completa com seu próprio conjunto de protocolos. Já as blockchains privadas são mais análogas a uma intranet.

Nestas redes, existem nós, que são comparáveis aos computadores que compõem a rede. Cada blockchain tem seu próprio conjunto de protocolos que define não apenas os nós, mas também como eles se comunicam entre si. Quando ouvimos o termo "rede de pares", estamos falando sobre como essa blockchain é montada, quais são os protocolos que definem os pares e como esses pares interagem.

Redes Públicas e Privadas de Blockchain

Em uma blockchain pública, por definição, qualquer pessoa é permitida para ingressar e participar da rede. No entanto, a situação em uma blockchain privada é um pouco diferente. Nela, temos que controlar quem pode acessar a rede, assim como nenhuma empresa permitiria que qualquer um acessasse sua intranet privada. Em uma blockchain privada, é preciso ter permissão para participar.

Identidade, Carteiras e Eventos na Blockchain

Para controlar quem são os membros em uma blockchain privada, e não apenas os membros, mas também os nós que acessam a blockchain, usamos a PKI para fornecer uma chave pública que representa a identidade do usuário. Mas também precisamos de uma chave privada que cada usuário pode guardar para provar sua identidade. Essa chave privada é armazenada em uma carteira, que é uma coleção das credenciais do usuário, encapsulando as chaves privadas.

Conclusão

Para encerrar, é importante destacar que uma das características essenciais para o desenvolvimento ou uso de uma blockchain é a interação com a mesma. Uma das maneiras de fazer isso é por meio de eventos. Assim, quando algo ocorre na blockchain, seja ela pública ou privada, eventos são disparados quando certas ações-chave são acionadas. Isso permite que usuários finais, outros sistemas, outros usuários e diferentes componentes possam agir a partir dos eventos resultantes de uma atualização na blockchain. Nesse sentido, a blockchain apresenta um mundo de possibilidades e aplicações, das quais apenas começamos a arranhar a superfície.

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