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O universo dos blockchains: variações e possibilidades

Artigos 22 de Abr de 2023

O avanço do blockchain tem trazido discussões em torno de suas várias formas e tipos, abrindo caminho para uma infinidade de aplicações e soluções. O debate entre blockchains públicos e privados, bem como os abertos e fechados, apresenta diferentes perspectivas e oportunidades. Neste artigo, exploraremos as características e os benefícios de cada combinação e como elas podem ser aplicadas em cenários distintos.

Blockchains públicos versus privados: uma questão de acesso

A distinção entre blockchains públicos e privados está relacionada a quem pode adicionar informações a eles. Um blockchain público, como o Bitcoin ou o Ethereum, permite que qualquer pessoa grave dados, enquanto um blockchain privado exige permissão prévia.

Aberto e fechado: a leitura dos dados

Outro fator que deve ser considerado é a diferença entre blockchains abertos e fechados, que se refere a quem pode acessar e ler as informações armazenadas. Um blockchain aberto permite o acesso irrestrito, enquanto um fechado limita a visualização a usuários específicos.

As quatro combinações possíveis

Diante dessas características, podemos identificar quatro combinações distintas de blockchains: públicos e abertos, públicos e fechados, privados e abertos e privados e fechados.

1. Públicos e abertos

As plataformas de blockchain público e aberto, como Bitcoin, Ethereum e Litecoin, são comumente chamadas de plataformas sem permissão, pois visam proteger e ampliar o anonimato do usuário. Neste tipo de blockchain, qualquer pessoa pode gravar e ler dados, sem restrições.

Ideal para situações em que o anonimato e a descentralização são prioridades, como no caso das criptomoedas. Nestes cenários, é fundamental que os usuários possam realizar transações sem restrições, garantindo a igualdade de oportunidades e a livre circulação de ativos digitais.

2. Públicos e fechados

Ainda que pouco comum, um blockchain público e fechado permite que qualquer pessoa adicione informações, mas apenas usuários autorizados podem visualizá-las. Essa combinação requer a implementação de um sistema de gerenciamento de identidade e permissões.

Apesar de ser uma combinação pouco comum, pode ser útil em casos específicos onde é necessário garantir que apenas usuários autorizados tenham acesso às informações, mesmo que o registro de dados seja aberto a todos. Isso exige a criação de um sistema de gerenciamento de identidade e permissões robusto.

3. Privados e abertos

Neste caso, apenas usuários autorizados podem inserir dados no blockchain, mas qualquer pessoa pode ler as informações armazenadas. Isso permite um maior controle sobre quem pode fazer alterações, mantendo a transparência para o público em geral.

Este tipo de blockchain pode ser interessante para empresas e organizações que desejam garantir maior controle sobre o registro de informações, mas ainda assim permitir o acesso público aos dados armazenados. Isso oferece um equilíbrio entre segurança e transparência, favorecendo a confiança e a credibilidade perante o público em geral.

4. Privados e fechados

Por fim, os blockchains privados e fechados requerem permissões específicas para gravar e acessar as informações. Essas plataformas são ideais para empresas e organizações que desejam manter o controle total sobre seus dados.

Recomendado para organizações que necessitam de um controle total sobre seus dados, tanto no que diz respeito ao registro quanto ao acesso. Esta solução é especialmente adequada para empresas que lidam com informações sensíveis e que buscam garantir a máxima segurança e privacidade.

Possibilidades de permissões nos blockchains públicos

Apesar de blockchains públicos serem concebidos com o objetivo de proporcionar o anonimato, ainda é viável estabelecer cenários de permissões e controlar o acesso aos dados. No entanto, isso demanda a utilização de recursos e sistemas específicos pelos arquitetos e desenvolvedores que atuam no projeto.

Embora os blockchains públicos sejam projetados para proteger o anonimato dos usuários, é possível explorar permissões e controlar o acesso aos dados por meio da implementação de soluções e tecnologias específicas. Ao considerar essas possibilidades, os arquitetos e desenvolvedores podem criar soluções personalizadas e inovadoras que atendam às necessidades de segurança, privacidade e controle das organizações e dos usuários.

Vejamos algumas possibilidades para explorar essas permissões nos blockchains públicos:

1. Contratos inteligentes

Os contratos inteligentes são programas autônomos que funcionam dentro de um blockchain, como o Ethereum, permitindo a criação de regras de acesso e validação de transações. Com eles, é possível estabelecer permissões e restrições para determinados usuários, assegurando que somente os autorizados possam visualizar ou interagir com os dados.

2. Camadas de criptografia

Uma forma de controlar o acesso a informações em blockchains públicos é por meio da criptografia. Utilizando técnicas como a criptografia de ponta a ponta ou a homomórfica, é possível assegurar que apenas os usuários com as chaves de criptografia corretas consigam acessar e ler os dados.

3. Projetos de identidade descentralizada

A identidade descentralizada é uma abordagem que visa permitir aos usuários ter controle sobre suas próprias informações e identidades digitais. Projetos como o uPort, no blockchain do Ethereum, permitem o gerenciamento de identidades e a atribuição de permissões específicas, garantindo que os dados sejam acessíveis somente por aqueles que possuam as credenciais apropriadas.

4. Redes privadas e permissionadas baseadas em blockchains públicos

Uma alternativa para explorar permissões em blockchains públicos é criar redes privadas e permissionadas baseadas nesses blockchains. Isso pode ser feito utilizando-se de tecnologias como o ConsenSys Quorum, uma versão do Ethereum projetada para atender às necessidades de organizações que buscam maior controle e privacidade em suas transações e dados.

5. Implementação de oráculos

Oráculos são entidades que fornecem informações externas a um blockchain, como dados de preços ou condições climáticas. Eles podem ser utilizados para verificar e validar permissões de acesso, conferindo maior controle e restrições a determinados usuários ou grupos de usuários.

Conclusão

Compreender as diferenças entre os tipos de blockchain e suas combinações é crucial para identificar qual solução é mais adequada a cada caso. A escolha entre blockchains públicos, privados, abertos e fechados influenciará o nível de controle, transparência e anonimato do sistema, impactando diretamente no sucesso e na eficiência da solução proposta. É essencial analisar cuidadosamente as necessidades e os objetivos do projeto antes de decidir qual tipo de blockchain utilizar.

A escolha do tipo de blockchain mais adequado para cada projeto deve levar em consideração as necessidades e prioridades específicas, bem como os possíveis benefícios e desafios que cada combinação pode apresentar. Ao compreender e avaliar todas as opções disponíveis, é possível desenvolver soluções inovadoras e eficientes que atendam às expectativas e aos objetivos propostos.

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